quinta-feira, 14 de junho de 2007

ESTRÉIA - "A Vida Secreta das Palavras" enfoca superação de dores


A cada novo filme, a atriz canadense Sarah Polley se confirma como uma das mais competentes de sua geração. Em "A Vida Secreta das Palavras", que estréia em São Paulo, Rio e Brasília nesta sexta-feira, não é diferente. No drama escrito e dirigido pela espanhola Isabel Coixet, ela é Hanna, uma moça que se refugia em algum lugar do Reino Unido depois da Guerra dos Bálcãs, em meados dos anos 1990. Hanna leva uma vida isolada, na qual as palavras não são muito úteis. Não tem amigos nem no seu ambiente de trabalho, uma fábrica de plástico. Seu único contato com o mundo é uma misteriosa mulher (Julie Christie) para quem telefona às vezes, mas não diz nada.



Tamanho é seu isolamento que seu chefe diz que os demais trabalhadores reclamam porque ela não se relaciona com ninguém. Forçada a tirar férias, a moça acaba conhecendo um homem que precisa dos serviços de uma enfermeira para cuidar de um acidentado numa plataforma de petróleo. Hanna tem qualificação para isso e acaba aceitando o trabalho. Ela passa, então, a cuidar de Josef (Tim Robbins), vítima de várias queimaduras no corpo depois de uma explosão. Começa assim uma jornada de autodescoberta e superação para Hanna. Nesse percurso, Josef terá um papel fundamental. Como a visão dele também está temporariamente afetada, as palavras passam a ser a principal forma de comunicação entre os dois. Mas o que fazer quando as palavras não são suficientes? "A Vida Secreta das Palavras", como o próprio título indica, fala daquilo que está além do que dominamos.


Hanna sofre, isso fica claro, embora o motivo que a impede de levar uma vida menos solitária, de se conectar com outras pessoas, só venha a ser conhecido mais tarde. O isolamento é o seu refúgio. Isabel Coixet já havia trabalhado com Sarah em "Minha Vida sem Mim", um filme que aborda temas parecidos, em especial o da ausência. Porém aqui a carga dramática e o talento da atriz são mais bem empregados. A diretora, por sua vez, mostra mais facilidade para lidar com os atores do que com as imagens. Mas isso não a impede de extrair bons momentos, em especial com uma câmera meio solta e uma fotografia realista. A trilha sonora, que combina jazz e Tom Waits, David Byrne e Anthony and the Johnsons também se destaca e contribui na montagem dinâmica do filme. O longa ganhou diversos prêmios, entre os quais o Goya (o Oscar espanhol) de melhor filme, diretor, roteiro e direção de produção, em 2006.

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