segunda-feira, 14 de maio de 2007

Novas tecnologias baixam o custo dos filmes


Fazer cinema está, cada vez mais, deixando de ser privilégio daqueles que contam com muitos recursos e sofisticada infra-estrutura de produção. Novas tecnologias de softwares e câmeras de vídeo tornam possível fazer e veicular produções, com baixo custo, da gravação à distribuição.


Para o diretor Manoel Prazeres, que acaba de finalizar Calígula, o príncipe imoral, gravado com câmeras mini Dvcam, em apenas duas locações (um teatro e uma sala), com as novas tecnologias digitais e os novos softwares de edição o cinema ganha muitas novas possibilidades.


Ele explica que já é possível produzir ótimos trabalhos com os softwares de edição. Eles oferecem ainda mais recursos que as tradicionais mesas de corte. “Porém, deve-se tomar cuidado com essa infinidade de recursos”, alerta Manoel. “Isso pode complicar mais do que simplificar na mão de alguém mais afoito”, considera.


Já a distribuição ainda é um problema, como aponta o diretor. “Novos formatos carecem de novos meios de distribuição. A internet provavelmente será a grande distribuidora quando os custos de banda larga forem viáveis. O que parece estar também no horizonte próximo”.


Os festivais cada vez mais comuns são prova de que o mercado vem produzindo mais e mais barato. Existem festivais para todo tipo de filme. Filmes de ficção, documentários, filmes de 1 minuto, curtas de dez minutos, festivais específico sobre um único tema.


Os festivais universitários são as grandes portas para os estudantes de cinema. E a internet é a grande vitrine para todos os cineastas de plantão. Hoje já existem sites especializados em colocar filmes na rede para que qualquer um possa ver além de fazer a inscrição e distribuição do mesmo para os festivais. Qualquer pessoa pode acessar o site e ver os filmes. Nos mesmos existe uma lista dos mais assistidos. Os filmes chegam a ter mais de dez mil acessos.


Hoje, no mercado de câmeras de vídeo digital oferece novas opções em alta resolução.Enquanto as câmeras standard (SD) trabalham com resolução de 720 pontos por 480 linhas, as do tipo HD (high defininition) trabalham com resolução de 1920 por 1080 linhas. Uma solução de baixo custo e bom resultado é às novas HDV, gravam em alta definição, embora com pequenas limitações.


A diretora Marília Albornoz gravou o documentário Danças Cariocas, com a co-direção de Ana Paula Albé, todo com câmeras de vídeo digital e sem patrocínio. Como não tinham recursos às diretoras foram conseguindo equipamentos emprestados. “Eu e a Ana Paula tínhamos uma câmera e conseguíamos microfones emprestados, às vezes até uma câmera melhor”.


O filme foi bastante veiculado em festivais e mostras nacionais e internacionais. Mas para que o projeto virasse filme a diretora teve que colocar a mão no bolso e conseguir o apoio de amigos e pessoas interessadas no projeto. A captação das imagens foi toda feita com a câmera dela e com câmeras emprestadas além de microfones, tripés, iluminação. A edição e finalização do vídeo ficaram por conta de uma editora que gostou e abraçou o projeto.


Para levantar dinheiro para o filme Marília fazia gravações de casamentos e com o dinheiro investia no próprio filme. Comprando equipamentos, ilha de edição de segunda mão. Isso tudo só foi possível graças às tecnologias digitais que permite que uma ilha de edição não seja mais composta de tantos aparelhos e sim de apenas um computador, com alguns recursos.


Depois de todo o processo, o filme foi vendido para TV o que possibilitou cobrir os custos da produção. “Conseguimos no final vender para a TV, e com isso o investimento em material e infra-estrutura foi pago. Não o trabalho ‘humano’. Mas valeu, pois nada melhor do que o seu filme ser visto e discutido”.


Organizando a Produção


Para se fazer um filme é preciso antes de tudo se ter um pré-roteiro ou um argumento. É aí que a história é contada pela primeira vez.



Passada esta etapa chegamos no roteiro. É aqui que as cenas são pensadas. Enquadramentos, movimentos de câmeras, takes, o que gravar e como gravar. Com o roteiro bem feito economiza-se muito em tempo e dinheiro.


Roteiro pronto vamos para a análise técnica. É quando começa a busca por locações que atendam ao roteiro e as necessidades de cada cena. Como iluminação, técnicos, atores, etc...


Um bom auxilio na hora da gravação é a claquete. Nela deve conter, número da cena, do plano e do take. Ele deve ser filmado antes de cada cena, identificando cada uma delas. É também com a claquete se faz o trabalho de sincronia do áudio (se este estiver sendo captado por um gravador e não pela câmera).


Outro recurso que ajuda na hora da edição é a ficha de filmagem. Com ela é anotado qual take de cada cena que está valendo. Eliminando na hora da edição os que contem erro. Economizando tempo.


Depois de gravado o filme é digitalizado é aí que a ficha de filmagem é usada. Uma decupagem é feita e somente os takes selecionados são digitalizados.


Agora é editar, finalizar e divulgar o filme.


Mesmo com o barateamento dos custos não se pode subestimar os custos de um filme. Não é uma câmera digital na mão que vai fazer o filme. Existem custos com locação, iluminação, mão-de-obra e transfer. A finalização é a parte mais cara do processo. A diretora Marília Albornoz dá uma dica: “É importante ter cuidado na hora da captação para diminuir ao máximo os custos de finalização”.




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